Ruínas Romanas da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva

Entre os anos de 1982 e 1997, decorreram diversas campanhas arqueológicas no logradouro do antigo Albergue Distrital, conhecido como Casa Grande de Santo António das Travessas, no âmbito de um projeto para instalar ali uma biblioteca. Durante essas intervenções, foram identificadas importantes estruturas de época romana pertencentes a uma domus (residência familiar), situada a nascente de uma ampla via porticada, que foi identificada como o cardo máximo de Bracara Augusta.

No lado poente desta via encontrava-se outra domus, da qual apenas se conservaram os vestígios do pórtico. Alguns dos silhares dessa estrutura permanecem visíveis no exterior do edifício, tendo outros sido integrados na sua parte interior.

Sob o traçado do cardo máximo foi identificada uma grande cloaca, construída por volta de meados do século I, destinada à evacuação das águas residuais da cidade. A relevância desta infraestrutura justificou a sua conservação sob o pavimento da atual biblioteca.

A zona intervencionada corresponde a um núcleo central da cidade romana, nas proximidades do fórum, cuja urbanização se terá iniciado por volta de meados do século I. Os vestígios arqueológicos permitem compreender parte da organização da domus, onde se identificaram lojas abertas para o pórtico ao longo da via. As fases de remodelação da residência são pouco conhecidas, mas tudo indica que terá sido abandonada durante a Antiguidade Tardia. Em contraste, o cardo máximo manteve a sua função viária nas épocas medieval e moderna, sendo então designado como Rua do Couro do Arvoredo.